Esse Blog foi criado para divulgar ações, experiências e idéias interessantes relativas à Agroecologia no estado do RJ.

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O que é compostagem?


O QUE É COMPOSTAGEM?
A compostagem é o processo de transformação de materiais grosseiros, como palhada e estrume, em materiais orgânicos utilizáveis na agricultura. Este processo envolve transformações extremamente complexas de natureza bioquímica, promovidas por milhões de microorganismos do solo que têm na matéria orgânica in natura sua fonte de energia, nutrientes minerais e carbono.

Por essa razão uma pilha de composto não é apenas um monte de lixo orgânico empilhado ou acondicionado em um compartimento. É um modo de fornecer as condições adequadas aos microorganismos para que esses degradem a matéria orgânica e disponibilizem nutrientes para as plantas.

Dito de maneira científica, o composto é o resultado da degradação biológica da matéria orgânica, em presença de oxigênio do ar, sob condições controladas pelo homem. Os produtos do processo de decomposição são: gás carbônico, calor, água e a matéria orgânica "compostada".

O composto possui nutrientes minerais tais como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre que são assimilados em maior quantidade pelas raízes além de ferro, zinco, cobre, manganês, boro e outros que são absorvidos em quantidades menores e, por isto, denominados de micronutrientes. Quanto mais diversificados os materiais com os quais o composto é feito, maior será a variedade de nutrientes que poderá suprir. Os nutrientes do composto, ao contrário do que ocorre com os adubos sintéticos, são liberados lentamente, realizando a tão desejada "adubação de disponibilidade controlada". Em outras, palavras, fornecer composto às plantas é permitir que elas retirem os nutrientes de que precisam de acordo com as suas necessidades ao longo de um tempo maior do que teriam para aproveitar um adubo sintético e altamente solúvel, que é arrastado pelas águas das chuvas.

Outra importante contribuição do composto é que ele melhora a "saúde" do solo. A matéria orgânica compostada se liga às partículas (areia, limo e argila), formando pequenos grânulos que ajudam na retenção e drenagem da água e melhoram a aeração. Além disso, a presença de matéria orgânica no solo aumenta o número de minhocas, insetos e microorganismos desejáveis, o que reduz a incidência de doenças de plantas.

Na agricultura agroecológica a compostagem tem como objetivo transformar a matéria vegetal muito fibrosa como palhada de cereais, capim já "passado", sabugo de milho, cascas de café e arroz, em dois tipos de composto : um para ser incorporado nos primeiros centímetros de solo e outro para ser lançado sobre o solo, como uma cobertura. Esta cobertura se chama "mulche" e influencia positivamente as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, proporcionando os seguintes benefícios:

- Estímulo ao desenvolvimento das raízes das plantas, que se tornam mais capazes de absorver água e nutrientes do solo.
- Aumento da capacidade de infiltração de água, reduzindo a erosão.
- Mantém estáveis a temperatura e os níveis de acidez do solo (pH).
- Dificulta ou impede a germinação de sementes de plantas invasoras (daninhas).
- Ativa a vida do solo, favorecendo a reprodução de microorganismos benéficos às culturas agrícolas.

Preparar o composto de forma correta significa proporcionar aos organismos responsáveis pela degradação, condições favoráveis de desenvolvimento e reprodução, ou seja, a pilha de composto deve possuir resíduos orgânicos, umidade e oxigênio em condições adequadas.

As empresas precisam de agrotóxicos para aumentar o lucro



As empresas precisam de agrotóxicos para aumentar o lucro
Frances Moores Lapp e Joe Collins

Será que milhões de pessoas passariam fome se — para proteger o meio ambiente — deixássemos de usar agrotóxicos na produção de alimentos?

Grande quantidade de agrotóxicos é utilizada nos Estados Unidos: mais de 30% do consumo mundial. Quase metade dos agrotóxicos é usada em campos de golfe, parques e gramados. Somente 5% das lavouras e pastagens são tratadas com inseticidas; 15% com herbicidas e 0,5% com fungicidas. Dos inseticidas, mais da metade é utilizada em culturas não alimentícias, como o algodão.

Será que os agrotóxicos ajudam a alimentar aqueles que passam fome nos países de Terceiro Mundo? De acordo com a FAO (Órgão que controla os alimentos e os medicamentos nos EUA), mais de 400.000 toneladas de agrotóxicos são usadas anualmente nos países subdesenvolvidos. Porém, a maior parte, é utilizada em culturas não alimentícias e em plantações de frutas e verduras cultivadas para exportação.

Mas o que dizer dos venenos que são de fato utilizados nas lavouras de alimentos? Os produtos químicos têm trazido bons resultados? São eficazes? São realmente necessários? A EPA (órgão de proteção ao meio ambiente nos EUA) calcula que há 30 anos os agricultores usavam 25 mil toneladas de agrotóxicos, e perdiam 7% da lavoura antes da colheita. Hoje, os agricultores usam 12 vezes mais agrotóxicos e perdem o dobro que perdiam anteriormente. Entretanto, o Ministério da Agricultura dos Estados Unidos calcula que as perdas por causa das pragas (insetos, agentes patogênicos, ervas daninhas, roedores e pássaros) iriam aumentar em somente 7%, mesmo que todos os agrotóxicos sejam abolidos. Como se explica isso?

O campo não é apenas um local de batalha entre praga e planta. Observando com atenção, percebemos que existe uma complexa interação entre centenas de espécies diferentes de insetos e outros organismos que desempenham diversas funções ecológicas. Matar insetos nem sempre é bom. Alguns comem somente uma parte da planta, outros são parasitas ou predadores carnívoros que comem outros insetos. As espécies nocivas realmente destroem a lavoura, mas estudos mostram que a grande maioria das espécies não causa danos suficientes para justificar o alto consumo de agrotóxicos. Por meio da ação de parasitas e predadores, essas espécies são mantidas em níveis que não provocam prejuízos econômicos. Porém, quando essas formas de controle natural são destruídas por agrotóxicos (que não distinguem amigos de inimigos) muitos insetos, que geralmente são insignificantes, conseguem multiplicar-se mais depressa do que seus predadores.

Para que o meio ambiente fique protegido e para que o controle de pragas seja realmente eficaz, é importante usar agrotóxicos seletivos (que só atingem determinada praga). Os efeitos de cada novo agrotóxico sobre os demais insetos, sobre as pessoas e os animais selvagens precisam ser estudados em profundidade. O interesse das indústrias químicas leva exatamente à direção oposta. Para expandir as vendas e aumentar os lucros, procuram minimizar os gastos com pesquisa e comercialização, produzindo agrotóxicos que eliminem o maior número de pragas simultaneamente.

A venda de agrotóxicos aumenta mais ainda por meio da promoção de produtos que "eliminam 100%" das pragas. Porém, eliminar 100% das pragas é extremamente caro, desnecessário e, com freqüência, falho. Além disso, é uma prática perigosa que leva à eliminação excessiva.

Para aumentar os lucros, as indústrias promovem a pulverização programada, em vez da pulverização de acordo com as necessidades. A pulverização programada proporciona mais vendas — vendas que podem ser garantidas com antecedência. Para um executivo da Dow Chemical é bem mais fácil calcular quanto deve ser produzido e distribuído aos diversos compradores, se ele multiplicar simplesmente a área dos fregueses por determinada quantidade por hectare. Ele não leva em conta o efeito nocivo de determinada praga num determinado ano.

Alguns agricultores começaram a compreender os graves prejuízos para o ambiente e para a saúde provocados por essas técnicas. Além disso, estão gastando cada vez mais e obtendo resultados cada vez piores. Os produtores de algodão de Graham County, Arizona, trabalhando junto com cientistas da Universidade local, enviaram técnicos para medir a intensidade das pragas, verificando se a pulverização era realmente necessária e quando era necessária. Os gastos com agrotóxicos diminuíram 10 vezes e os danos causados pelas pragas também. Incluindo o pagamento dos técnicos, o custo total ficou em menos de 1/5 da pulverização programada. Então as indústrias químicas pressionaram de tal maneira as altas esferas da administração da Universidade, que o programa foi suspenso. Experiências similares em 42 fazendas de algodão e 39 fazendas de frutas cítricas na Califórnia diminuíram em mais de 60% os gastos com agrotóxicos.

Em certos casos os agrotóxicos são utilizados não para aumentar o rendimento ou melhorar a qualidade, mas somente para melhor a aparência. Vejamos o caso dos inofensivos insetos da ordem dos thysanoptera. Estes insetos são insignificantes, pois não diminuem a produtividade, não prejudicam as árvores, nem diminuem o valor nutricional das frutas cítricas. Seu único "crime" é provocar uma leve marca na casca da fruta. Nos laranjais da Califórnia, toneladas de agrotóxicos são aplicados várias vezes por ano, na guerra contra os pobres insetos. Estes ficam mais resistentes e os produtores vão aplicando agrotóxicos cada vez mais mortíferos, elevando, assim, seus gastos.

Os agricultores pegam doenças crônicas e agudas devido ao contato com os organofosforados utilizados no lugar do DDT para eliminar os insetos. Ninguém sabe quais os efeitos que isso causa nos consumidores.

Na ausência de inimigos naturais, insetos antes inofensivos, como o ácaro vermelho, transformam-se em verdadeiras pragas.

Será que existe alguma alternativa? Existe sim. Agora que compreendemos que alterar o complexo sistema ecológico pode ser mais perigoso do que controlar as pragas, diversas alternativas vêm sendo examinadas com maior interesse.

Durante várias décadas, as pragas que atacam o milho eram controladas alternando anualmente o milho com outra cultura como a da soja. A lagarta que ataca o milho não come a soja e não consegue sobreviver durante um ano sem o milho.

Entretanto, certos herbicidas atualmente usados na cultura de milho impedem esta rotação de culturas. Permanecem no solo e na estação seguinte, matam todas as plantas com exceção do milho. Por isso, os agricultores que utilizam herbicidas, precisam plantar milho todo ano na mesma terra. Isso aumenta o número de insetos, doenças e ervas daninhas, além de esgotar o solo. E o que é pior — a lagarta do milho desenvolve uma resistência quase total aos principais agrotóxicos.

A introdução controlada de inimigos naturais dos parasitas nas plantações é um método não-químico de grande potencial. Depois de um desastre ecológico causado por agrotóxicos no Vale Canete, no Peru, os agricultores estão tentando restabelecer os controles naturais. Eles importam diversos insetos, inclusive 30 milhões de vespas e 80 litros de joaninhas para controlar lagartas e pulgões.

Nas plantações de algodão do Egito, fazia parte da tradição retirar com as mãos os ovos da lagarta do algodoeiro. Quando os agricultores passaram a confiar (e a gastar) com agrotóxicos, a produção diminuiu acentuadamente. Só mesmo ao voltarem a retirar os ovos com as mãos o rendimento aumentou.

Tragicamente, a tecnologia do controle de pragas é dominada por um pequeno número de grandes indústrias químicas. Estas só conseguem lucros se os agricultores e a população no mundo inteiro acreditarem que a sobrevivência da humanidade depende da aplicação cada vez maior de agrotóxicos.
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Fonte: Institute for Food & Development Policy, San Francisco, EUA.

Experiência Agroecológica de Dois Produtores Familiares em Assentamento Rural da Baixada Fluminense

Experiência apresentada em forma de painel durante o III Congresso Brasileiro de Agroecologia, em Florianópolis-SC.

Seu Sebastião e sua compostagem de restos de mamona

Seu Sebastião molhando a horta

Seu Erenildo colhendo inhame

Seu Sebastião moendo cana pra fazer melado com a garapa

Feira Cultural da Glória, onde os agricultores vendem seus produtos orgânicos

Seu Erenildo nos mostrando os produtos da barraca

Histórico dos agricultores e da luta pela terra
Sebastião Antônio de Oliveira nasceu no município de Alegre, Espírito Santo, no ano de 1952. Veio para o Rio de Janeiro em 1971. Trabalhava como pedreiro, até que em 1993 soube de um assentamento rural que estava se formando no município de Seropédica. Se instalou no local, ficando acampado 1 ano até a liberação do título da terra.

Erenildo Luiz da Silva nasceu em Presidente Kennedy, Espírito Santo, em XXXX, chegando ao Rio de Janeiro em 1979. Trabalhava como pedreiro e fazendo bicos, até que tomou conhecimento do assentamento a partir de seu cunhado e de seu irmão, que já estavam lá. Então em 1994 ele se instala com sua esposa e consegue um lote.


A luta pela terra não foi fácil. Organizados com a Pastoral da Terra e o MST, sofreram muita pressão por parte dos grileiros daquelas terras, que os atacavam ateando fogo a suas barracas e nos pastos, além de ameaçá-los com armas de fogo. Vários acampados foram feridos a bala e tiveram de ser hospitalizados. Felizmente ninguém morreu.

Finalmente sai a posse da terra, em 1994, pelo INCRA, porém tendo que ser paga em parcelas durante 17 anos. A infraestrutura necessária que deveria vir junto com a terra não veio. Luz, água, saneamento, escola, posto médico, canais de comercialização, nada foi feito, até hoje. Conseguiram apenas o acesso a luz elétrica, porém pagando dos seus próprios bolsos. O posto médico construído no local e o poço instalado na associação de moradores nunca funcionaram.

Caracterização do ambiente

O Mutirão Eldorado, como é chamado o assentamento, está localizado no Município de Seropédica, na Baixada Fluminense do Estado do Rio de Janeiro. As atividades agrícolas da região sempre foram marcadas pela utilização de práticas incompatíveis com a preservação dos recursos naturais, como fogo, monocultura, erosão e um intenso desmatamento. Após o esgotamento da fertilidade do solo a níveis que impossibilitavam o cultivo agrícola, iniciou-se a pecuária extensiva. No início do assentamento a área era quase toda formada por pastagens degradadas e abandonadas. Hoje, a realidade já é um pouco diferente, pois próximo as casas dos agricultores já se notam algumas árvores. Porém, a quase totalidade dos morros ainda estão desmatados, e práticas antigas como as queimadas e utilização de agrotóxicos ainda são muito freqüentes.


A transição do modo de produção
Seu Erenildo e seu Sebastião mantém uma sociedade há nove anos, trabalhando em conjunto, um ajudando o outro. O lote de um é do outro, pois trabalham, plantam, colhem e comercializam coletivamente, prezando o apoio mútuo. Neste período nunca brigaram, sempre se acertaram.

Quando chegaram ao assentamento só tinha rabo de burro, a terra era dura e seca, com quase nenhuma árvore plantada. Os primeiros plantios foram feitos de forma convencional, com veneno, pois não tinham conhecimento dos orgânicos. Produziam muito quiabo, mandioca e maxixe. Porém com o passar do tempo e com todas as dificuldades vividas pelos agricultores (falta d´água, ausência de assistência técnica, dificuldades com a comercialização, etc.) a produção foi caindo vertiginosamente. Seu Sebastião, desanimado, chegou a ficar alguns anos sem plantar, só plantando árvores em seu lote.

Foi através da atuação do Grupo de Agricultura Ecológica (GAE) e de alguns professores da UFRRJ que os agricultores do Eldorado tiveram um maior contato com a Agroecologia. Através da troca de experiências entre os produtores e estudantes, eles resolveram mudar a forma de cultivar a terra. Essa difícil decisão também foi influenciada pelo fato de os agricultores conhecerem os perigos dos agrotóxicos e os males que causavam. Vários vizinhos já tinham se intoxicado e ido ao hospital por usar os produtos sem proteção. Seu Sebastião vivia doente, de hospital em hospital, vivia internado. Após começar a produzir organicamente, sua saúde frutificou. Passou a se alimentar dos produtos saudáveis que plantava e a tomar todo dia de manhã seu “suco verde”, composto de folhas de todas as espécies de seu terreno batidas no liquidificador. Nunca mais sofreu aqueles males.

Atualmente
Seu modo de produção é totalmente natural, não usam nenhum produto feito em laboratório. O controle do dano é feito com a rota da plantação, se um inseto está atacando a planta, a mudam de lugar no próximo plantio.

As hortaliças são cultivadas no lote de Seu Sebastião, onde existem 3 açudes e 5 nascentes de água. No lote de seu Erenildo está a agrofloresta. A implantação foi difícil, ele não conhecia o sistema e não conseguia imaginar como era possível plantar limão e laranja consorciado com árvores de grande porte. Mas gostou da idéia, e decidiu experimentar. As árvores foram todas plantadas por estacas e sementes, com a ajuda do pessoal do GAE. No início, ficou 3 anos sem colher, só roçando e plantando no roçado. Plantaram abacaxi, mamão e banana entre as árvores, e começaram a colher limão, laranja, feijão, abóbora e aipim. Encontramos na agrofloresta 51 espécies madeireiras, 52 frutíferas e mais de 40 cultivos.

Vendem seus produtos principalmente na feira cultural da Glória, onde são oferecidos aos consumidores apenas produtos orgânicos. São certificados pelo selo ABIO (associação de produtores biológicos).

Incentivam os vizinhos a plantarem orgânicos, mostrando o modo como produzem e os resultados das queimadas e do veneno no solo. Já conseguiram convencer alguns, que hoje em dia fornecem produtos para a feira.

Não voltam pro convencional jamais, pois além de serem altos contaminantes, o produto não tem valor. Se o preço cai na hora da venda, perde-se tudo o que investiu com trator, arado, adubo e defensivo, o que é comum acontecer.

Mutirão de horta

Moleque sinistro no mutirão de horta da Ocupação Vila da Conquista em jacarepaguá, em fevereiro de 2005.

Saca só a disposição!

Horta escadinha


Essa horta ficava lá em casa (jacarepaguá) no segundo andar, no vão de respiração dos banheiros.

Hoje em dia ela não existe mais, pois deu um probleminha de infiltração (porque o acabamento do chão estava mal feito, com buracos, então vazou...).

Colhi muita beterraba, rabanete, couve, rúcula, pimentão, cenoura, acelga, salsa... Tudo sem veneno.

Atentem para o moderníssimo sistema de irrigação, liguei uma borracha em um microaspersor, sustentados por um pedaço de bambu e amarrado com um barbante. Era só abrir a torneira no primeiro andar que molhava a horta lá em cima sem muito trabalho...


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